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Conheça a história de Angela Ahrendts


 

A predominância majoritariamente masculina vista em cargos de CEO de grandes empresas está fatalmente mudando. Prova disso é o surgimento e fortalecimento de líderes femininas em diversos países, especialmente os Estados Unidos, como Marry Barra, da General Motors, Sheryl Sanderbg, do Facebook, Susan Wojcicki, do Youtube e Google e Ginni Rometty, da IBM. Em comum, elas têm o fato de conduzirem uma carreira profissional brilhante e de figurarem na lista das mulheres mais poderosas do mundo, segundo a Forbes.

Uma, em especial, tem chamado a atenção pela elevada capacidade em atender o mercado, seus funcionários e clientes e renovar, de maneira substancial, uma empresa que, pouco a pouco, estava diminuindo o ritmo de inovações. Angela Ahrendts saiu da Burberry, loja londrina do ramo da alta moda, em 2014, onde ocupava o cargo de CEO para ser Vice-Presidente Sênior de varejo de nada menos que a Apple.

Ela foi a primeira mulher a estar na lista de CEOs mais bem pagos do mundo e também a primeira a estar no topo do ranking de CEOs que mais recebem no Reino Unido. Falando ainda de premiações, Ahrendts marcou presença nas 50 mulheres mais poderosas dos negócios, da revista Fortune, em 2007, 2008, 2011, 2012, 2013 e 2014. Neste último ano, ela também foi nomeada membro do Conselho Consultivo de Negócios do Primeiro Ministro do Reino Unido e Comandante Dama Honorária do Império Britânico.

Angela Ahrendts

Com 55 primaveras, Angie, como é chamada pelos mais íntimos, é a força que a Apple precisava para empoderar seu varejo. Nascida em New Palestine, em Indiana, EUA, ela é a terceira filha de seis crianças do casal Richard Ahrendts, empresário, e Jean, dona de casa. Ahrendts cursou o ensino fundamental e média em escola católica e estudou Merchandising e Marketing na Ball State University. Mudou-se, quando adulta, para Nova York com o intuito de trabalhar na indústria da moda, entrando na Donna Karan, em 1989. Seu foco foi no desenvolvimento da marca de luxo no plano internacional.

Entre o final da década de 90 e meados da primeira década deste século, Angela atuou em diversas empresas na área de expansão de mercado, merchandising e varejo, chegando ao cargo vice-presidente executiva da Liz Claiborne. Em 2006, ela inicia o ano como CEO da Burberry, ajudando a marca a se recuperar de um iminente declínio. Sua ideia foi de limitar o número de roupas e acessório que carregavam os padrões de verificação Burberry e assim minimizar os danos causados pelas falsificações. O resultado foi que durante seu “reinado”, o valor da companhia subiu de 2 bi para 7 bilhões de euro e Angie embolsou em 2012 um total de $26,3 milhões.

Um dos grandes feitos de Ahrendts foi o de renovar uma empresa tradicional e “quadrada”, com mais de 150 anos, transformando-a numa referência em tecnologia, compartilhamento e interação. Isso foi possível graças à sinergia entre ela e Christopher Bailey, designer-chefe e, posteriormente, CCO da Burberry. Inspirados pelo storytelling, eles acreditam que o tecido não é apenas um tecido, mas faz parte de um contexto complexo, tem uma história. Foi esse pensamento que resultou a campanha Burberry Kisses, cujo mote era enviar um recado especial à pessoa amada por meio de um e-mail personalizado como se fosse carta e um beijo selando o envelope. Veja o vídeo abaixo:

Com todo o valor que trazia para a marca, Ahrendts logo fisgou a atenção de grandes corporações; mas quem, de fato, levou-a para casa foi a menina dos olhos do Steve Jobs, Apple. Angie quebrou, de certa forma, com o imaginário de CEO durão e ríspido, ao estilo de Miranda Priestly de ‘O Diabo Veste Prada’ ou de tantos outros que ficaram famosos pela personalidade irredutível. Ao contrário deles, Angela buscou sempre a curiosidade e o questionamento e, de acordo, com Jean-Charles Decaux, o co-CEO da JCDecaux, corporação que tinha contatos tanto com a Apple quanto com a Burberry, a empresária fala menos e ouve mais. Ela pergunta constantemente, por exemplo, “por que estamos fazendo o que estamos fazendo? Onde? O que é novo?”, afirmou Decaux à revista Fast Company.

O percurso na Apple não foi diferente do das demais: em 2014, Ahrendts ganhou mais de 70 milhões de dólares – mais do que qualquer outro executivo da empresa, até mesmo do CEO Tim Cook. Como se não bastasse, ela ainda é a única mulher entre os executivos sênior da gigante da maçã. A sua postura, diferente do que se costuma presenciar no ramo da moda, contribuiu para o fortalecimento da marca. Talvez o balanço que mantém entre vida profissional e intimidade tenham-na ajudado nessa conquista – ela é casada com Gregg Couch, quem conheceu durante os anos de escola, e possui 3 filhos, os quais tenta estar o mais próxima possível, em especial às sextas-feiras à noite. O momento só é reservado às manhãs: Angela acorda entre 4h30 e 5h, toma um banho e usa meia hora para ler livros inspiradores, como a poesia de Maya Angelou, Jim Collins ou ‘As 21 Qualidades Indispensáveis de um Líder’, de John C. Maxwell. “Esta é a minha paz. É o meu espaço”, disse à Fast Company.

À época da contratação de Angie, Cook escreveu um e-mail aos funcionários reforçando a ideia que “ela se preocupa profundamente com as pessoas e abraça nossa visão de que o mais importante recurso é nossa alma e nossas pessoas”.

Fontes:

Fast Company versão impressa Fev/2014 | Wikipedia EN | Forbes | LinkedIn | Apple | Vogue

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